Em sua última edição, a revista britânica The Economist publicou uma reportagem a respeito do Metrô de São Paulo. Segundo a famosa publicação, “a rede de 71 quilômetros de metrô é pequena para uma cidade de 19 milhões de habitantes”.
A Economist compara o tamanho do Metrô em São Paulo com os de locais como Seul, na Coreia do Sul; Santiago, no Chile; e Cidade do México. Todas com redes de metrô bem maiores que a de São Paulo.
No caso da capital sulcoreana, a rede de metrô tem aproximadamente 400 quilômetros. Isso mesmo, 400 quilômetros! E não dá sequer pra falar que Seul é uma cidade rica que durante várias décadas trabalhou para melhorar e expandir uma centenária rede de metrô igual ocorre em cidades como Londres ou Paris.
O metrô de Seul começou a funcionar nos anos 1970, mesma época que o de São Paulo. Tudo bem que a capital coreana não era tão grande quanto São Paulo. Mesmo assim o governo sulcoreano teve de superar um crescimento incrível, já que entre 1960 e 2000 a população de Seul mais do que triplicou, pulando de 3 milhões para 10 milhões de habitantes. Nesse mesmo período, a Coréia do Sul deixou de ser uma das nações mais pobres do planeta para atingir a condição de país rico. A renda per capita foi de 100 dólares dos anos 1960 para mais de 30 mil dólares em 2011.
Para atingir a atual situação de país desenvolvido, os sulcoreanos investiram e investem pesado em educação e infraestrutura — os 400 quilômetros de metrô são um exemplo claro disso. No caso da educação, Coreia do Sul é realmente arrojada. Ano passado o governo anunciou um plano de 3,2 bilhões de dólares que pretende levar à rede de ensino público uma gigantesca biblioteca de livros escolares digitais até 2015. A idéia dos sulcoreanos envolve a construção um sistema de computação em nuvem para que as escolas possam acessar um banco de dados com todos os livros digitais e tablets para todos os alunos do país. Enquanto isso, no Brasil, o Ministério da Educação é criticado por decidir investir R$ 110 milhões na compra de tablets para serem usados em sala de aula.
Já no caso de São Paulo, o metrô é pouco e a educação é uma piada. Basta ver o vergonhoso caso do reforço escolar prometido pelo governador Alckmin. Segundo reportagens da Folha de S.Paulo, a "cúpula do governo de São Paulo tem dado informações divergentes sobre o fim das atividades de reforço fora do período regular para os alunos da rede estadual de ensino". O governador de São Paulo e o secretário de Educação não conseguem sequer chegar a um acordo sobre o assunto, o que mostra quão atrapalhada é a atual administração.
Outra prova da incompetência do atual governo está na incapacidade de prever o óbvio crescimento na utilização do metrô com a instalação da linha 4. Apesar da inauguração da nova linha, o governo tucano decidiu cortar, em 2011, 20% dos investimentos no sistema de trens metropolitanos. Em razão disso, segundo o site SpressoSP, o Ministério Público decidiu iniciar um “inquérito para investigar se o corte no orçamento de 2011 possui relação com as panes deste ano”.
Resultado: a falta de investimentos e o crescimento no número de usuários no metrô de São Paulo e na rede de trens metropolitanos produziram contínuos apagões no sistema nos últimos meses. Qualquer governo minimamente preparado saberia que a nova linha aumentaria a pressão sobre o sistema já existente. Alckmin, por sua vez, decidiu diminuir os investimentos no setor. Enquanto isso, a população de São Paulo continua sofrendo em razão da falta total de planejamento e da timidez nos investimentos dos consecutivos governos tucanos no Estado.