Em mais um capítulo da guerra cambial, o Banco da Inglaterra, segundo o jornal britânico Financial Times, decidiu injetar 50 bilhões de libras na economia do país pelos próximos três meses. No total, esse novo aporte eleva para 325 bilhões de libras a montanha de dinheiro que o Banco da Inglaterra despejou no país para combater a crise econômica iniciada em 2008. O Banco britânico afirma que a medida visa turbinar a economia e ajudar a indústria a voltar a crescer. Na verdade, a medida mostra que o governo do Reino Unido deu de ombros para o problema da volta da inflação, a qual já está acima da meta, para se preocupar em evitar uma segunda recessão. Para os britânicos, o medo de uma economia congelada é maior que o do calor das chamas do dragão da inflação.
A recuperação da economia do Reino Unido, para muitos analistas, está perdendo força. Em 2011, o país cresceu 0.9% depois de ter encolhido 0.2% em 2010. Muita gente do mercado financeiro está prevendo um crescimento de 0.4% para 2012, porém, os mais pessimistas acreditam que a economia britânica poderá encolher até 1%.
Em 2010, o megainvestidor George Soros disse que guerra cambial poderia levar a economia mundial ao colapso. Segundo ele, os países afetados pela crise estavam inundando suas economias com dinheiro novo no intuito de favorecer suas exportações. Soros chegou a dizer que estava preocupado com o desalinhamento das moedas e que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não estava errado ao falar de guerra cambial.
Enquanto os países afetados pela crise usavam o “quatitative easing” (injeção de dinheiro no mercado). A China, uma ditadura comunista, mantinha sua moeda, o yuan, desvalorizada de maneira completamente artificial, o que também ajuda a deixar os produtos chineses mais baratos e dá um enorme impulso à indústria daquele país. Os comunistas atrelaram sua moeda ao dólar, o que siginifica o seguinte: quando a moeda norte-americana vai pro ralo e se desvaloriza em relação a outras moedas a chinesa vai junto. Essa política tem sido alvo de inúmeras críticas, principalmente do governo de Barack Obama, e ajudado a destruir a indústria de países como o Brasil, que sofre o diabo com os baratíssimos preços chineses.
Enquanto isso, os EUA seguem insistindo que a política chinesa é uma manipulação pura e simples da moeda. Enquanto isso, o pessoal de Obama imprimiu uma montanha de dinheiro para colocá-lo na economia numa tentativa de reaquecer o comércio e a indústria nacional.
Essa prática é conhecida como “quantitative easing” (QE). Ela ocorre quando um país não consegue mais reduzir a taxa de básica de juros, em razão da mesma já estar próxima de zero, e passa a imprimir dinheiro para tentar reaquecer a economia. Portanto, em países com juros próximos de zero, ou seja, quando não dá para baixar a taxa, o Banco Central pode utilizar o expediente de colocar mais dinheiro na praça. Na verdade, o Federal Reserve (Banco Central dos EUA) está imprimiu dinheiro para comprar títulos públicos que estavam na mão do setor privado. Basicamente, isso significa financiar o déficit público com uma emissão cavalar de moeda. Jogar dinheiro na praça para financiar gastos.
Um dos resultados desse aumento estratosférico de liquidez é levar os “donos” desse novo dinheiro a buscar investimentos mais rentáveis. Como nos EUA, na Europa e no Japão as oportunidades de boa rentabilidade são praticamente nulas em função da recessão, essa dinheirama gringa acaba sendo aplicada em países emergentes como o Brasil. Isso, por sua vez, ajuda a elevar o valor do real, o que prejudica a indústria e as importação, já que tudo que é vendido em moeda nacional fica mais caro.
De certa forma, todo país manipula sua moeda. A disputa entre EUA e China — a tal guerra cambial —, onde as duas maiores economias do planeta China e EUA decidem adotar medidas fortes para manter suas moedas baratas, com os comunistas chineses desvalorizando o yuan para turbinar as exportações e os capitalistas norte-americanos imprimindo dólares para tentar sair da crise econômica que começou em 2008, com a quebra do Lehman Brothers, estão afetando praticamente toda a economia mundial.
Difícil é saber como essa crise será superada. Certo é acreditar que ele ainda vai continuar afetando profundamente a indústria brasileira.